Patrícia, a força da mulher são-bentista

Hoje estreia uma nova sessão aqui no blog, onde vou apresentar perfis de são-bentistas – ilustres ou desconhecidos – que pautam suas vidas pelo amor ao clube. Por isso o nome desse novo espaço: “Meu Imenso Amor”, trecho-grito de nosso hino.

Para começar, nestes últimos dias do mês de março – onde celebramos a força e luta das mulheres, para que conquistem cada vez mais espaço em nossa sociedade –  a história não poderia ser outra senão de uma das muitas mulheres que vestem azul com muito brio. Assim como a entrevista com a personagem não poderia ter sido  em outro lugar senão na Padaria do Gonçalo, aos pés da “Rua dos Morros”.

Que essa história inspire os marmanjos que frequentam a arquibancada a terem um olhar mais cuidadoso com as mulheres que estão por ali. E que também inspire novas garotas a frequentarem o CIC para empurrarem o São Bento rumo à vitórias!

 

O futebol une pai e filha

A chamada “linguagem do futebol” é universal. Seja dentro de campo, permitindo que um time seja formado por jogadores das mais diversas culturas, seja fora das quatro linhas, no compartilhamento do amor pelo jogo, da paixão pelo clube do coração e principalmente por um traço presente em todos os cantos do mundo: a aproximação entre pais e filhos que esse amor pelas cores de um escudo permite.

Com Patrícia Silva não foi diferente. Primeira filha de um são-bentista fanático, José Maria da Silva, que foi até bilheteiro no Humberto Reale, ela acompanhou o mais querido da cidade desde pequena. Aos 15 anos, aos invés de baile de debutante, a festa foi em um jogo no CIC.

“Até teve uma festinha também, mas o mais legal foi ir lá no campo assistir”, relembra a torcedora.

Ela ganhou um irmão mais novo, que também ia aos jogos. No entanto, com o pai ficando mais idoso a situação foi se complicando. “É uma forma que sinto de ficar mais próxima do meu pai. Agora meu irmão de vez em quando vai com meu sobrinho, porque meu pai está com saúde mais complicada. Ele até quer ir, mas não consegue ficar no estádio”, conta Patrícia.

Da juventude ela lembra também de uma relação divertida: os gatos com nomes de jogadores. “Eu tive um gato e queria colocar o nome dele de Gatãozinho [jogador que mais vezes defendeu o São Bento em partidas oficiais] mas aí ficava muito difícil de chamar o gato (risos). No final acabou ficando Bozó [ponta esquerda da década de 70]! E agora o meu gato atual se chama Francis [atacante do elenco atual]”.

 

Vencer o câncer com o CIC lotado

Patrícia com o sobrinho e o irmão, no CIC

Professora e diretora da rede municipal da educação apaixonada pelo trabalho, Patrícia entrou para uma dolorosa estatística em novembro de 2017: foi diagnosticada com câncer de mama, o tipo de tumor mais frequente em mulheres, que corresponde a 28% dos novos casos de câncer no Brasil.

Meses depois ela iniciou o tratamento de quimioterapia, mas mesmo assim não queria perder os jogos do São Bento. Nesse período teve que trocar a arquibancada pelas cadeiras, e buscar ficar afastada dos torcedores devido aos riscos do tratamento.

“Para mim era importante estar ali. Era uma emoção diferente naqueles dias. Hoje, quando eu vou, eu lembro de tudo isso. Graças a Deus e superei tudo isso e estou podendo assistir, acompanhar o meu jogo, com alegria, com tranquilidade… Não que naquela época não tivesse, mas estava com aquela insegurança por causa do tratamento, né?!”, relembra – emocionada – a torcedora.

Uma data não da memória de Patrícia: 8 de junho de 2018. Dia em que ela fez a última sessão de quimioterapia. No entanto, a agenda também previa um outro compromisso: São Bento e Fortaleza, no CIC, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Conciliar o tratamento e o jogo parecia impossível. Não para a torcedora.

“Dia 8 de junho de 2018 foi minha última quimio, de manhã. São três horas em que a gente fica no tratamento. Mas naquele dia, na parte da tarde, ia ter São Bento e Fortaleza no CIC, pela Série B, e eu não queria perder de jeito nenhum. Pedi muito a Deus que fosse tranquilo. E as duas últimas sessões eu já não tive quase que sintoma nenhum, então fiquei mais em casa me cuidando para que na hora do jogo eu pudesse estar bem. E nossa! Foi demais!”

Sim! Foi demais! Patrícia se juntou a quase 5 mil torcedores que viram o São Bento vencer o Fortaleza por 2 a 1 e manter uma invencibilidade de 10 jogos naquele campeonato.

Aquela fase deixou um ensinamento importante para a torcedora: “A partir de então eu fiz tudo que eu gosto, não vou deixar para depois. Tanto que eu estou indo sozinha nos jogos por conta disso. Eu quero ir, eu gosto, eu vou! Fico lá no meu cantinho e me sinto segura. O pessoal acaba meio que um cuidado do outro, a gente ri dos xingamentos, dá total apoio pro time e assim vou seguindo!”

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